Geração Distribuída no Agronegócio Cresce 60% em Dois Anos
O agronegócio brasileiro já concentra 13% da potência instalada de geração distribuída (GD) no país. A classe de consumo rural registrou um crescimento expressivo de cerca de 60% entre junho de 2023 e junho de 2025, saltando de 3,5 GW para 5,6 GW, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) reunidos pela Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD). Atualmente, a potência instalada total de GD no Brasil supera 42 GW, estando presente em mais de 5.500 municípios. A modalidade, que consiste na produção de energia elétrica próxima ao local de consumo, se consolida como solução estratégica para o setor rural.
O crescimento acompanha a expansão do próprio agronegócio, que pode atingir 29,4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2025 — a maior participação em 22 anos — impulsionada por uma safra recorde de soja e pelo aumento da produção em diversos segmentos, conforme estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria com o Cepea/Esalq-USP.
“Nesse cenário, a energia elétrica deixou de ser apenas um insumo operacional e passou a ser considerada um pilar estratégico para garantir produtividade, competitividade e sustentabilidade no campo. A GD tem papel fundamental na diversificação da matriz energética, permitindo reduzir emissões, ampliar o acesso à energia em regiões remotas e garantir maior previsibilidade no fornecimento, sem depender de combustíveis fósseis ou da oscilação hídrica”, afirma Carlos Evangelista, presidente da ABGD.
Benefícios Econômicos e Sociais
Segundo Evangelista, a GD traz ganhos expressivos para o setor rural. “Propriedades antes sujeitas a falhas frequentes ou fora do alcance da rede tradicional agora contam com fornecimento contínuo. O resultado é maior autonomia, redução de perdas na produção e queda significativa nos custos com energia”, ressalta.
Além do impacto econômico, a adoção de fontes renováveis reforça o alinhamento do agronegócio com metas ambientais e práticas ESG, exigidas por mercados internacionais. A GD também democratiza o acesso à energia limpa, beneficiando pequenos e médios produtores e ampliando a competitividade do setor.
Cooperativas rurais e projetos de geração compartilhada com financiamento acessível vêm se consolidando em diversas regiões, promovendo desenvolvimento regional e sustentabilidade das cadeias produtivas.
Armazenamento Potencializa a GD no Campo
Para a ABGD, a inclusão de sistemas de armazenamento (storage) aumenta ainda mais os benefícios da GD no meio rural. “Com baterias integradas, os produtores podem armazenar o excedente de energia gerado durante o dia e utilizá-lo em períodos de baixa produção ou maior demanda, como à noite ou em dias nublados. Isso reduz a dependência da rede elétrica, garante maior estabilidade no fornecimento e amplia a autonomia das propriedades, especialmente em áreas remotas. Além disso, o armazenamento contribui para a resiliência do sistema energético como um todo, minimizando os efeitos de oscilações e interrupções na rede convencional”, explica Evangelista.
“Facilitar e ampliar o acesso à geração distribuída é essencial para estimular investimentos no campo. Em um cenário de crise climática, desafios logísticos e oscilações no sistema elétrico, a GD se consolida como instrumento para resiliência, inovação e crescimento sustentável”, conclui o presidente da ABGD.
Sobre a ABGD
A Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD) é a principal entidade representativa do setor de energias renováveis com foco em GD no Brasil. Fundada em 2015, conta com mais de 1.500 empresas associadas, abrangendo toda a cadeia produtiva de equipamentos e serviços. A ABGD atua estrategicamente na defesa dos interesses do setor junto a órgãos reguladores, instituições governamentais e sociedade civil, promovendo políticas públicas, inovação tecnológica, sustentabilidade ambiental, eficiência energética e democratização do acesso à energia limpa.